Um jogo de Wolfgang Kramer para 2 a 6 jogadores, a partir dos 10 anos, com a duração de 60 minutos
Componentes
1
tabuleiro de jogo
6 figuras
de clientes
1 figura
de ladrão
72 bancas
de mercado (em 6 cores de jogador)
6 cartas
de líder de mercado
14 cartas
de prestígio
1 carta de
guarda da cidade
70 notas
(1 real, 2 reais, 5 reais e 10 reais)
2 dados
6 cartas
de referência
12 cartas
de investimento (expansão)
Preparação
Os
jogadores colocam os clientes, alternadamente, nos espaços cinzentos do tabuleiro,
até estarem todos colocados. O ladrão é colocado no porto. Apenas uma
personagem pode ser colocada em cada espaço.
Cada
jogador recebe 12 casas de uma cor, 6 reais e uma carta de referência.
Alternadamente, cada jogador coloca 4 bancas nos espaços livres. Se um jogador
cumprir as condições para liderança de mercado (duas bancas e mais bancas que
os restantes), recebe a carta de mercado, que lhe garante um maior rendimento.
As fases do jogo
Cada
turno de jogador tem três fases:
1.Lançar o
dado e mover uma personagem
O jogador
lança o dado e seleciona o cliente que quer mover. O jogador só pode mover o
cliente na direção para a qual este está virado, não pode inverter o movimento
e só a pode mover se o seu movimento terminar numa casa livre. O jogador tem de
mover uma personagem, mesmo que não o beneficie.
2.Comprar
Após mover
a personagem, se esta parar numa banca de comércio, faz compras, que beneficiam
o dono da banca. O valor a receber depende do tamanho da banca, do valor da
personagem e se esse jogador é líder de mercado.
3.
Investir
O jogador
pode fazer um investimento, comprando novas bancas, aumentando bancas,
movendo-as, comprando cartas de expansão, ou cartas de prestígio.
O Ladrão
Quando um
jogador tem mais de 10 reais, o ladrão entra em jogo. O ladrão funciona como
uma personagem normal, mas que retira dinheiro ao jogador dono da banca em que
para. Um jogador pode usar o ladrão e, de seguida, mover um cliente, ou até
mover o ladrão duas vezes. Quando um jogador é roubado, recebe a guarda da
cidade, que previne que seja roubado novamente (a não ser que seja o jogador
mais rico).
Se devido
à ação do ladrão, o jogador não tiver dinheiro suficiente para pagar, tem de
vender cartas de prestígio ou bancas.
Fim do jogo
O jogo
termina quando um jogador tiver 3 cartas de prestígio ou estas acabarem. O
jogador com mais cartas de prestígio é o vencedor.
ANÁLISE AO JOGO
Receção
The Market
of Alturien, ou Der Markt Von Alturien sempre foi uma incógnita para nós. De
uma forma geral, tem os elementos necessários para ser um jogo interessante,
mas acaba por fazer uso de mecânicas tradicionais que não trazem grande apelo.
Ao escrevermos esta crítica, apercebemo-nos das semelhanças que tem com o
clássico Monopoly e com o intemporal Catan, o que poderia fazer deste um ótimo
título de introdução. Será que Der Markt Von Alturien é a
gema escondida que faz a ligação entre os jogos de tabuleiro tradicionais e os
mais avançados, ou é apenas um jogo que não sabe bem o que quer ser?
O abrir da caixa
Por norma,
não fazemos publicidade a artigos que não sejam jogos de tabuleiro. Não há
espaço para product placement neste site, afinal de contas. Dito isto,
adquirimos uma fantástica estante de um fornecedor Sueco que tem o tamanho
ideal para as caixas standard dos jogos de tabuleiro. O uso desses tamanhos
padrão são ótimos para arrumação, mas claro que, quando um jogo tem um
tabuleiro de dimensões diferentes, compreendemos que necessite de uma caixa
maior. E até diríamos isto deste jogo, não fosse o tabuleiro desdobrável e
fácil de colocar na caixa de, por exemplo, World of Warcraft – O Jogo de
Aventura. Portanto, a primeira impressão é que este jogo tem uma caixa
desnecessariamente grande que ocupa o topo da estante, porque não cabe em mais
lado algum.
E quando a
abrimos, temos inserts de cartão, a separar sacos de componentes… sem espaço
conveniente para arrumação. Pelo menos a ilustração da caixa é bonita.
Preparar o jogo
A
preparação do jogo é bastante simples. Coloca-se o tabuleiro desdobrável na
mesa. Separam-se as cartas de prestígio das cartas de líder de mercado e da
guarda da cidade. Coloca-se, junto do tabuleiro, um baralho de cartas de
prestígio (todas iguais), as 6 figuras de clientes e a figura de ladrão. Cada
jogador escolhe uma cor e recebe todas as bancas de mercado dessa cor, assim
como um total de 6 real e uma carta de referência. A primeira fase do jogo
consiste na colocação das figuras e das bancas de mercado, por parte dos
jogadores. Isto resulta na aquisição das cartas de líder de mercado, que trazem
vantagens. E com isto, o jogo está pronto a começar. Ah.. esperem, falta o
dado. Isto é realmente familiar…
Esta fase
de preparação não é de todo complicada, o que é um bom sinal. Jogos demasiado
complicados nesta primeira fase não são apelativos de todo para iniciantes.
Os componentes
Este jogo
dá-nos os chamados mixed feelings. Por um lado, a maior parte dos materiais são
de boa qualidade, desde o tabuleiro às pequenas figuras que representam os
clientes. O primeiro é desdobrável e, como já mencionámos, não necessitava de
uma caixa tão grande. O acabamento do verso é resistente, pelo que as dobras
não parecem abrir facilmente. As 6 figuras de clientes e o ladrão têm bastante
detalhe e são facilmente identificadas pela cor (bronze, prata, ouro ou preta).
Fossem estas mais similares e este jogo necessitaria de uma maior dose de
paciência ou de tinta. As cartas são resistentes e o dado de madeira faz o que
é preciso, sendo que se adequa a toda a estética do jogo. Na verdade, todos os
componentes têm um feel adequado. Mesmo as bancas de mercado, de cor vibrante
com os seus azuis e rosas-choque não destoam. São empilhadas umas em cima das
outras, gerando mais rendimentos… sim, também como aquele jogo que estão a
pensar. À exceção das notas. Se havia algo que podia ser menos similar ao
clássico jogo do senhor do bigode eram as notas. De papel, com a denominação
impressa, quebram completamente o misticismo. Aconselha-se vivamente que liguem
a impressora 3D ou que procurem fichas de substituição, porque para além de
simples e mundanas, estas pedaços de papel mais finos que o rolo da cozinha não
vão durar muito.
O aspeto
Como os
olhos também comem, é essencial que um jogo seja apelativo. Vá, existem jogos
que não precisam, ou que o público-alvo não se importa, mas um jogo bonito
chama mais jogadores e, nesse aspeto, Alturien não fica atrás. O tabuleiro tem
um desenho simples, mas interessante, combinando um aspeto cartoony com as
linhas da arquitetura clássica. As cartas combinam adequadamente com este e,
tal como mencionado, até as garridas bancadas ficam bem. Estas foram claramente
fruto de uma decisão para beneficiar a função em detrimento da estética, pois
como os jogadores se identificam pelas cores, fossem estas mais semelhantes às
usadas nos mercados do tabuleiro, instalar-se-ia a confusão. Sim, estamos a
defender o uso de bancadas de mercada rosa-choque. Lidem com isso. As figuras
dos clientes e do ladrão entram também na estética do jogo, com vestes
adequadas à época. Investir nestas em vez de apenas nuns meeples de madeira foi
uma ótima decisão. Ao contrário das notas que… podiam ter sido alvo de maior
dedicação. Talvez, após o investimento nos restantes componentes, já não
houvesse budget suficiente, mas sendo uma componente tão ativa no jogo…
O jogo
Vamos
fazer esforço para não mencionar novamente que algumas das regras do jogo são
algo familiares. O jogo começa com a colocação inicial dos clientes,
alternadamente por cada jogador. Da primeira vez que jogamos, isto foi algo
arbitrário, mas começando a conhecer o jogo, apercebemo-nos que esta primeira
colocação é crucial para um arranque bem-sucedido. Afinal de contas, estamos
literalmente a apontar os clientes na direção que queremos.
De
seguida, os jogadores colocam 4 bancas nos vários mercados da cidade (azul,
verde, vermelho, branco, etc.). A colocação destas bancas é importante, pois
são a fonte de rendimento que faz o jogo avançar. Se um jogador tiver pelo
menos duas bancas e dominar um mercado, recebe a carta de líder de mercado.
Esta carta aumenta os rendimentos quando os clientes param nas bancas.
O jogo
arranca, com o lançamento do dado. A parte interessante é que o jogador apenas
escolhe a figura que deseja mover após o lançamento do dado. Mesmo com este
fator aleatório, existe um certo nível de controlo e estratégia. Mover uma
personagem mais valiosa, mesmo que não se obtenham rendimentos, pode trazer
muito mais dinheiro numa jogada posterior. Contudo, os adversários também podem
mover essa mesma personagem. Imagine-se que temos controlo de um dos mercados e
temos várias bancas seguidas. Lançar a personagem dourada (Grandeza/Grande)
nessa direção, mesmo que não se arremate ou até se ofereça dinheiro aos
adversários, é uma ótima estratégia, pois estes não podem simplesmente fazer
com que ela dê a volta. Os clientes movem-se sempre na mesma direção, até
encontrarem um entroncamento ou curva. Sempre que um cliente para numa banca, o
jogador dono dessa banca recebe uma determinada quantia, conforme o valor do
cliente, o número de bancas empilhadas e se esse jogador é líder de mercado, ou
não.
Depois de
ganhar (ou fazer alguém ganhar) dinheiro, o jogador pode fazer investimentos.
Existem várias opções, tais como comprar uma nova banca num quadrado normal, o
mesmo num especial, aumentar o tamanho da banca, etc. Os espaços especiais
geram rendimentos se os clientes estiverem na banca de um jogador e não se
moverem no seu turno. Existe, portanto, a possibilidade de fazer chover
dinheiro (especialmente útil quando os adversários estão distraídos).
Finalmente,
o ladrão entra em jogo quando um jogador obtém uma determinada quantia de
dinheiro. O ladrão serve para beneficiar o jogador mais pobre. O jogador que é
roubado recebe a carta da guarda da cidade, pelo que é protegido (a não ser que
seja o mais rico, aí… pouca sorte). Esta personagem é movida como uma
personagem normal, pelo que se torna um elemento ativo e recorrente do jogo.
Para além disso, usar o ladrão não acaba o turno do jogador, pelo que este é
incentivado a usá-lo frequentemente. O jogador pode usar o ladrão e uma
personagem, ou duas vezes o ladrão.
A condição
de vitória do jogo é a aquisição de Cartas de Prestígio, que custam 12 Real
cada uma. Quando um jogador adquire 3 (ou estas acabam), é ativado o final do
jogo e são jogados os últimos turnos. O jogador com mais cartas de prestígio é
o vencedor.
Embora
algumas mecânicas sejam familiares, existe uma complexidade subliminar que só
se revela após os primeiros jogos. Sim, é um jogo fácil de “pick up and play”,
mas isso não significa que não tenha profundidade. A escolha das bancas
iniciais, a procura da liderança de mercado e um uso inteligente do ladrão são
essenciais para garantir a vitória. E mesmo que seja um jogo que usa um dado, a
verdade é que não depende muito da sorte (a não ser que sejam mesmo muito
azarados). Com 6 opções de escolha após o lançamento e a possibilidade de usar
o ladrão para fazer os adversários perderem até 4 Real (suficiente para perder
uma casa ou carta de prestígio), é difícil dizer que isto é um jogo baseado na
sorte. É sim, um jogo baseado em probabilidades e na leitura das jogadas dos
adversários.
Quando um
adversário procura alcançar o domínio de um novo mercado, é necessário montar
uma ofensiva para mover as personagens para longe desse mercado. Quando os
adversários se juntam para “secar” o nosso rendimento, é necessário mover os
nossos mercados para junto dos seus e tomar o controlo das suas zonas. Embora
seja um jogo que parece depender da economia, o seu ritmo é bastante acelerado.
Os turnos passam rapidamente, pois as ações possíveis são limitadas, mas
cíclicas. Após a segunda jogada, todos sabem aquilo que podem, ou não fazer.
Aprender a jogar
Este jogo
é simples de preparar e simples de jogar. Rapidamente todos compreendem o funcionamento
e as limitações, mas compreender o que traz a vitória apenas vem com o tempo.
Basta ter a carta de referência, ou a lista de preços das ações e o flui
facilmente. Contudo, com a expansão (incluída no jogo base), é possível
complexificar um pouco e fazer variar o jogo. Esta traz mais um dado e cartas
extra, que alteram as ações possíveis, mas não mudando as mecânicas-base do
jogo.
Voltar a jogar
Não só
através da expansão, mas mesmo com o jogo base, Alturien oferece alguma
rejogabilidade, no sentido, tal como Catan, que as possibilidades de colocação
e as ações durante o jogo podem variar. A rejogabilidade do jogo base baseia-se
na estratégia utilizada, enquanto que, com a expansão de 12 cartas, esta
aumenta significativamente. Como os jogadores apenas podem escolher 2, isto
aumenta a diversidade de opções de jogo. Os efeitos destas cartas fazem variar
não só o jogo individual como o de todos, pelo que é interessante, os
diferentes cenários possíveis.
Tema
Idade
Média, negócios e uma cidade que desapareceu. É um tema que funciona com os
aficionados de história, aqueles que gostam de jogos onde é necessária
balancear os investimentos com os rendimentos e… aqueles que gostam da
Atlântida?
Conclusão
Alturien
é, sem dúvida, um jogo que temos pena de não ter experimentado mais cedo. É uma
ótima experiência para iniciar novos jogadores, com mecânicas familiares, mas
complexificadas. Inicialmente, pode parecer mais um jogo de comprar casinhas e
lançar dados, mas acreditem que é muito mais que isso.
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