Entrevista com Francesco Nepitello


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Da esquerda para a direita: Francesco Nepitello, Marco Maggi and Roberto Di Meglio

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Muito obrigado Paulo, pela análise ao Age of Conan! Apanhaste-me quando estava mesmo para ir para a cama…

Como nasceu a ideia que levou à criação do “Age of Conan”?
Foi o Roberto Di Meglio, um dos três criadores, que também é o CEO da companhia que publica grande parte dos meus jogos. Ele também é um fã do Conan, e foi ele quem propôs o projecto.
Onde é que vai buscar as ideias para os seus jogos? Começa pela mecânica ou pelo tema?
Primeiro, sempre o tema, depois a altura de inventar novas mecânicas. Contudo, no caso do Conan sabíamos, desde o início, que iramos usar algumas coisas do nosso jogo “War of the Ring”.
Em que tipo de mecânica foca o processo de desenvolvimento dos seus jogos?
Normalmente, tentamos focar-nos na mecânica principal, naquele princípio que irá sustentar tudo o resto. No caso do “Wotr” e “AoC”, é o sistema de acção dos dados.
Quando é que se apercebeu que criar jogos era o seu sonho?
Quando eu e o Marco começamos a colaborar em projectos criativos. Descobrimos, desde cedo, que partilhávamos uma paixão comum pelos jogos.
Que nível de sorte considera aceitável nos seus jogos?
Desde que nenhum elemento me desvie de desfrutar do jogo, está tudo bem. Não sou um jogador competitivo, sou todo pela “experiência”.
Em quantos jogos trabalha ao mesmo tempo? Trabalha em vários projectos em simultâneo ou dedica-se apenas a um único?
De momento estou a trabalhar em três jogos e na expansão de outro jogo. Normalmente, só tenho um grande projecto em curso e vários pequenos projectos.
O que é que pode dizer sobre o projecto em que trabalha actualmente?
Infelizmente não posso dizer muito, uma vez que dois jogos dependem de uma licença, e não tenho permissão de falar sobre isso… Por favor façam-me esta pergunta daqui a três meses.
Será que pode avançar alguns detalhes?
Mais uma vez, não posso. Mas um dos jogos é provavelmente o maior projecto em que alguma vez participei. Sim, ainda maior que o “War of the Ring”! Mas é um jogo completamente diferente…
Como se define a si próprio como criador de jogos?
Cresci a jogar jogos de guerra, mas quando comecei a trabalhar em jogos, tive a possibilidade de ver a trabalhar (e mesmo colaborar com) alguns dos melhores criadores europeus (Leo Colovini, Alex Randolph...). Acabei a criar jogos que adoro jogar, independentemente do tipo, doutrina ou qualquer que seja a classificação em que os jogos possam ser categorizados. Apesar de ser Europeu, não sou certamente um criador de jogos Europeus, mas creio conhecer bem a sua mecânica, o suficiente para que alguma da sua filosofia apareça nas minhas criações.
É um criador solitário ou a família e os amigos participam no processo de criação de um novo jogo?
Trabalho sempre em conjunto com o Marco Maggi e com muita frequência com o Roberto Di Meglio. Depois, com regularidade, reúno um conjunto de amigos para saber as suas opiniões e para me ajudarem com os testes ao jogo.
O desenvolvimento de um jogo envolve várias fases – criação, edição, testes e publicação – qual é a que mais lhe agrada? Porquê?
A criação é um momento empolgante, e nos jogos como os meus, é normalmente um longo processo. O desenvolvimento é também muito excitante, sem bem que, com frequência, ideias que pareciam boas à primeira vista são suplantadas por melhores que não suspeitava que pudessem ser descobertas. Os testes ao jogo, mesmo quando somos nós próprios a fazê-lo, é o momento mais importante, pois é nessa altura que se verifica se o jogo é um verdadeiro jogo ou uma simples ideia de um jogo que só funciona na nossa cabeça…

Joga apenas de vez em quando ou os jogos são parte integrante do seu quotidiano?
Agora, tenho um escritório a sério, cheio de jogos que coleccionei durante anos. Há sempre um jogo na mesa, pelo que posso dizer que jogar jogos faz parte do meu quotidiano. A Segunda-feira de manhã é o dia em que nós jogamos os jogos novos, para testar criações de outras pessoas, ou simplesmente bons novos jogos que comprámos. Amanhã de manhã (Segunda-Feira!) deverá ser a vez do “Conflict of Heroes”!
Com que frequência joga os seus jogos depois de serem publicados? Prefere jogar os seus ou os jogos de outros criadores?
Depende. Por exemplo, o “War of Ring” irá ser sempre um jogo fundamental na minha mesa de jogo. O Age of Conan também está em bom plano, uma vez que pode acomodar mais jogadores com maior facilidade. Mas esforço-me por jogar jogos novos, sempre que é possível, uma vez que gosto de variar.

Qual o jogo que mais gosta de jogar? Porquê?
Como já tinha mencionado, jogar o “War of Ring” é uma experiência que dificilmente encontrarei noutros jogos, pelo que é aquele que jogo com mais regularidade. Mas, recentemente, joguei alguns jogos muito bons: por exemplo: “Battlestar Galáctica” foi o máximo e adorei o potencial da “narrativa” de todos os jogos do “Last Night on Earth"

Qual o seu jogo favorito? Qual o tipo de jogo que mais gosta?
Escolher um favorito é quase impossível. Mas devo mencionar que também jogo “role-playing games” e, uma vez que despendi grande parte da minha vida de jogador a jogá-los, devo concluir que os “rpg’s” são o meu tipo de jogo favorito. E o meu “rpg” favorito é o “King Arthur Pendragon”.

Que prefere: jogar ou criar jogos?
Adoro as duas actividades. Normalmente, jogar jogos é mais divertido, já que existe menor responsabilidade.

Segue, com especial atenção, algum criador de jogos?
Não. Creio que não. Estou sempre à procura de bons jogos, independentemente de quem é o seu criador.

Tem outro emprego, ou é um criador de jogos a tempo inteiro?
Actualmente sou quase um criador a tempo inteiro e tenho uma loja de brinquedos com o Marco Maggi. Ele faz grande parte da gestão diária da loja e eu faço a gestão do estúdio. E, mais recentemente, tornei-me num papá, o que faz com que seja um part-time em tudo!
(Parabéns!)


Será que os jogos de tabuleiro podem ser usados para fins educativos?
Os jogos de tabuleiro já têm um propósito educativo, sem que sejam usados expressamente para isso. Mas percebo o que queres dizer, e a resposta é: sim. Por exemplo, criei um par de jogos para museus e exibições.

Como evoluíram os seus jogos nos últimos anos? Que aprendeu sobre o que se deve ou não fazer no processo de criação dum jogo?
Simplifiquei um pouco o processo de criação – Penso que agora sou mais eficaz com os custos.
Mas penso que não fui tão bem sucedido como poderia, uma vez que ainda estou demasiado dependente do meu gosto e prazer pessoal.

Que pensa da actual crise económica? Irá afectar a venda de jogos?
Já está a afectar a produção de jogos, pelo que certamente irá afectar as vendas. Os produtores terão de pensar como fazer jogos mais baratos ou começar a produzir jogos mais pequenos.

Que conhece de Portugal?
É difícil de sumariar tal conceito! Se queres saber o que conheço sobre Portugal e jogos, conheço o pessoal da Devir Portugal, já que foram nossos parceiros na produção jogos com alguma frequência. E tenho um bom amigo chamado Pedro Lisboa, um verdadeiro sábio dos jogos, e a sua namorada, a Joana. Eu prometi visitá-los em Lisboa e irei, mais cedo ou mais tarde!
Vou levar comigo alguns jogos...
Já esteve em Portugal?
Não, mas como já disse, brevemente irei cumprir a minha promessa…

Muito obrigado por esta entrevista.
Obrigado Paulo! Foi um prazer, e agora, cama!



Os jogos de Tabuleiro do Francesco Nepitello:

Age of Conan: The Strategy Board Game - 2009
4X4 - 2000
Flying - 2001
Goal - 2000
The Golden Compass Movie - 2007
Hector and - 2003
Marvel Heroes - 2006
Micro Mutants - 2007
Star Wars: Das letzte Gefecht - 2008
Star Wars: Galaktische Schlachten - 2008
UFO - 2002
War of the Ring - 2004
War of the Ring - Battles of the Third Age - 2006
X-Bugs - 2001


Entrevista com Roberto Di Meglio



A tradução desta entrevista teve o patrocínio de:



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