Entrevista com Matt Leacock



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« Adicionado pelo Matt Leacock a 23 de Março de 2009 »
Como nasceu a ideia que levou à criação do “Pandemic”?
O essencial da ideia ocorreu durante um passeio com a minha filha. Alguém sabe donde vêm as ideias? Eu queria tentar algo nos chamados jogos cooperativos, jogos onde o comportamento do opositor pode ser programado pelo criador do jogo. Combater doenças pareceu-me uma coisa natural – é assustador e pode ser modelado recorrendo a componentes comuns de jogos. Regressei do meu passeio e fiz um rápido esboço do tabuleiro, alterei um baralho de cartas, peguei nalguns cubos e experimentei. Sabia que estava muito próximo, quando finalmente descobri as regras para reciclar as cartas de infecção.
Como se define a si próprio enquanto criador de jogos?
Totalmente dedicado a este hobby. Crio jogos que quero jogar e ensinar. Mas não é fácil viver da criação de jogos, receia-se sempre que não passe de um simples biscate e que não seja o suficiente para pagar as contas no fim de cada mês.
Quando é que se apercebeu que criar jogos era o seu sonho?
Era muito novo. Não deveria ter mais de 8 anos quando construi o meu primeiro tabuleiro de jogo. Lembro-me que algumas vezes, desapontando com jogos que tinha comprado, virava o tabuleiro e desenhava um jogo melhor na parte de trás. Ainda hoje faço isso.
Joga apenas de vez em quando ou os jogos são parte integrante do seu quotidiano?
Oh, agora são parte da minha vida. Passo uma boa parte do meu dia a rever jogos em produção, a testar e criar novos, mas sempre atento ao que se passa no mundo dos jogos e, uma vez por semana, reúno-me com amigos para jogar outro tipo de jogos.
Qual o jogo que mais gosta de jogar? Porquê?
Os jogos que mais gosto são os que se aprendam a jogar em 10 minutos, durem menos de uma hora, que envolvam um grande interacção entre jogadores, com grande poder de decisão e possibilidade de recuperar dos erros, com grande variedade de opções estratégicas e um bom arco narrativo. Não gosto muito de jogos demasiado “coloridos”, mas sou fan de jogos com design artístico, divertido e único.
Gosto deste tipo de jogos porque oferecem uma boa experiência num curto espaço de tempo e porque sei dar valor ao muito trabalho desenvolvido na sua criação.
Qual o seu jogo favorito? Qual o tipo de jogo que mais gosta?
“Tigris and Euphrates” é o mais bem conseguido, para mim. Jogo terrivelmente, mas no fim de cada jogo fico sempre convencido que farei melhor na próxima vez.
Que prefere: jogar ou criar jogos?
Gosto de testar jogos frescos – o processo de criação é moroso. É difícil separar os dois. Gosto de ver um jogo a ganhar vida – encontrar a faísca que dá vida ao conjunto.
Qual o nome do seu próximo projecto? Vai ser um jogo como o “Pandemic”?
Que pode avançar sobre o jogo?
Estou no processo de revisão artística do “On The Brink” (the Pandemic Expansion) que criei em conjunto com Tom Lehmann. Estou também a trabalhar num jogo cooperativo de cartas e, como normalmente, tenho meia dúzia de ideias para outros projectos.
Criei esta expansão com o Tom Lehaman. Ela irá incluir um conjunto de novas funções, caixas de Petri para guardar os componentes, regras para 5 jogadores, novas cartas de acção especiais, e três novas maneiras de jogar o jogo.
As funções e as regras para 5 jogadores podem simplesmente ser adicionadas ao jogo original. Os jogadores que procuram por mais alternativas, podem adicionar uma 5ª doença “The Mutation”. Para tornar o jogo ainda mais desafiante, os jogadores podem adicionar “The Virulent Straim”, o que faz com que uma das 4 doenças seja particularmente abominável. Por fim, os jogadores podem adicionar “The Bio-Terrorist”, para opor um jogador contra os outros.
Estou a contar que o jogo seja lançado a meio do ano. Podem consultar o site da Z-Man para mais informações sobre a data de lançamento.
Segue, com especial atenção, algum criador de jogos?
Mantenho sempre um olho nas novas criadores do Knizia, Kramer, Teuber, e Rosenberg.
Tem outro emprego, ou é um criador de jogos a tempo inteiro?
Uso a minha experiência de criador de jogos numa pequena “startup” em Silicon Valley. Estou a conseguir aplicar, nesse trabalho, tudo o que gosto da criação de jogos.
Que pensa da actual crise económica? Irá afectar a venda de jogos?
É muito difícil fazer previsões. A minha esperança é que as famílias voltem a apostar nos jogos de tabuleiro, como um forma mais barata de entretenimento e união e, como tal, as vendas de jogos não serão muito afectadas. Acredito que os jogos de tabuleiro vão sofrer menos com crise que os jogos de vídeo.
Que conhece de Portugal?
Infelizmente o meu conhecimento limita-se ao vinho do Porto que eu e a minha mulher apreciamos muito. Gostaria muito de visitar o vosso país e ver o que mais tem para oferecer.
Já esteve em Portugal?
Ainda não. Quando os miúdos forem um pouco mais velhos, queremos conhecer melhor a Europa.
Muito obrigado pela entrevista.
Obrigado pela oportunidade!

Conferência de Matt Leacock


Quero agradecer a colaboração do meu irmão Carlos Costa Santos na tradução desta entrevista.


dreamwithboardgames
Pandemic: On the Brink Pandemic
Regras do JogoZ-Man Games

Pandemic:On Brink - Lançamento em Junho




10 comentários:

Ubiratã de Oliveira disse...

muito legal...
parabéns pelo blog...
estou sempre por aqui...
abraços,
Bira

dreamwithboardgames disse...

Obrigado.

Abraço
Paulo Santos

Anónimo disse...

Great!

Kin

Indiana disse...

Gostei da entrevista.
Bom trabalho!

Unknown disse...

Tá fixe a entrevista.
Espero que faças mais...
Continua o bom trabalho que tens feito, este é melhor blog sobre jogos em Portugal!

Dune disse...

Tb adorei a entrevista, só foi pena ele não ter respondido com mais detalhes à questão da expansão do Pandemic.

Parabéns pelo blog!

dreamwithboardgames disse...

Pois... também queria saber mais sobre a expansão...

Um abraço

dreamwithboardgames disse...

O Matt já disse mais sobre a expansão...

Anónimo disse...

Parabéns pelo site!
Felipe Betschart

dreamwithboardgames disse...

Obrigado Filipe!