Antes da Tempestade
“Aquele que nos irá liderar a todos há-de chegar”, entoava em uníssono o velho homem e a velha senhora.”O grande espírito guerreiro mostrar-nos-á o poder inimaginável, e vai fazer com que todos os outros tombem uns a seguir aos outros ou caiam em batalha. A força do nosso povo nas mãos deste Líder (Khan) conceberá um império, com o sangue daqueles que se oponham a nós. Quando o Líder dos Líderes se sentar em cima do trono, na cidade dos pilares de bronze, uma nova horda (*) dourada irá nascer e todas as tribos e todos os clãs do nosso povo irão cavalgar como um só”. No final do seu ritual e do seu ordálio (**), muitos dos mais velhos pareciam empalidecer, sobre ombros caídos, peitos tombados, e com os olhos dobrados pestaneando como se estivessem a acordar de um sonho.
Os outros “horse lords” que estavam na assistência permaneciam em silêncio e permitiam que as palavras se fixassem nas suas mentes. Os contadores de histórias repetiam o cântico para memorizá-lo, assim, este podia ser relatado mais tarde com exactidão. Em breve todos iriam compreender o significado da revelação do ritual.
Como todos os outros que permaneceram em pé e se afastaram, Yul fez o mesmo. Ele sabia que as palavras da profecia iriam se espalhar rapidamente, como sempre acontece com estas coisas. Yul não poderia acreditar no que ele ouviu das bocas das velhas feiticeiras; não tinha havido antes qualquer menção da horda dourada ou deste “Líder dos Líderes” Como é que esta profecia surgiu tão rapidamente? Será que um dos Líderes é tão poderoso que ele poderia trazer todos os outros sobre o seu controlo? Certamente que não foi o Baichu, o seu próprio líder, o velho bobo.
“Yul!” alguém gritou do seu lado esquerdo e ele virou-se para ver o Osol, à medida que bufava de irritação em cima de um pequeno monte. “Yul, vim assim que pude, ouvi as novidades sobre a profecia”. Osol aproximou-se e baixou o tom de voz, “Como é que isto afecta os teus planos para declarar a Chamada de Sangue sobre Baichu?”
“Penso que não tem qualquer impacto sobre isso” disse Yul calma e suavemente. “Baichu é um fraco, quando eu o substituir como líder, estarei presente quando esta cidade dos pilares de bronze for descoberta”.
“Líder!” aclamou Osol em voz baixa fora da tenda. “Líder, tenho novidades!” Yul tirou a sua coberta e sentiu o ar frio a passar pela sua pele. Ainda era escuro, mas ele podia ver através da fraca luz dada pelas brasas perto do centro da tenda. Ele começou a vestir-se e fez um baralho que ele sabia que Osol iria perceber que se tratava de um convite para entrar. “Líder,” disse Osol conforme caminhava para dentro, “tenho novidades! Tengiz, um dos nossos homens perdido à cinco anos atrás para Roma, no nosso primeiro assalto às suas terras, conseguiu escapar do seu cativeiro e regressou. Ele diz que viu a cidade… a cidade com os pilares em bronze.”
“Teria este homem motivos para estar a mentir?” perguntou o líder.
“Não, ele foi encontrado pelos nossos homens a vaguear sozinho caminhando passo a passo. Ele estava fraco por ter comido coisas estranhas e estava com sede, mas não vejo qualquer motivo para pensar que ele está a mentir” concluiu Osol, mas o líder nada disse, pelo que ele continuou, “Contudo, ele pode ter sido enviado até nós como uma armadilha. Roma não nos iria presentear com tão valiosa tentação, sem estar à nossa espera quando nós fossemos atacar.”
“Hum, sim” o líder virou-se e pontapeou alguma madeira para dentro da fogueira. “ Pouco provável, mas envia alguns homens para verificar a sua história. Que cidade é essa?”
“Tarsos, Líder, uma cidade Zanatine na fronteira sul de Uskyel. É um pouco distante daqui, mas acredito que é a mais perto dos clãs. Podemos ser capazes de avançar antes que os outros cheguem a saber da sua participação na profecia, se a crença do homem se verificar”
“Caso faça parte da profecia, o melhor seria agir rápido, mas precisamos de ter a certeza. Não faz sentido avançar em direcção a uma armadilha, ou atacar uma cidade sem um tostão, que só tem mulheres para nos oferecer. Os meus homens são leais, mas eles precisam de comida e ouro para se manterem dessa maneira. Não quero perder tempo, precipitando para essa cidade até saber se vale a pena”, finalizou o líder.
“Sim, irei enviar alguns homens para confirmar a história, eu sei que temos alguns homens que falam bem Romari”, acata obedientemente Osol, caminhando para fora da tenda (andando para trás), deixando o seu líder a planear.
Yul empoleira-se para cima do cavalo, Minghan Arslan, e inspecciona o amplo vale que a sua visão alcançava. Tarso estende-se como algo parecido com pedras e chagas de madeira com nervuras pretas e feias. Em volta das cordilheiras em redor da cidade ele viu milhares de cavaleiros. Por detrás dele, o seu clã reúne a cavalaria e estão prontos para a batalha.
“Líder” diz Osol colocando-se ao seu lado. “Todos os clãs estão prontos. Como o líder que encontrou a cidade, é de seu direito declarar o início para a caçada.”
“Sim, eu sei. Eles todos esperam por mim” Disse Yul com um sorriso, “A montaria, a caçada, irá começar brevemente. Os homens estão quase prontos. O desejo pelo derramamento de sangue está nos seus corações, mas estou a espera de ver tudo isso nos seus olhos. Quando eu vir isso, darei o sinal e iremos avançar, cercando a cidade e derrubando-a…assim como fazemos com todas as nossas presas. Isto irá acontecer em breve.”
“A qualquer momento a partir de agora...a qualquer momento…Agora!” Yul berrou e ergue a sua lança por cima da cabeça, apontando em direcção à cidade. Ao mesmo tempo, todas as hordas ao longo das cordilheiras avançam estrondosamente em direcção a Tarsos.
A cidade ardia e o céu estava cheio de fumo enquanto Yul liderava um pequeno grupo dos seus homens através das ruas. Eles encontraram alguma resistência das milícias da cidade, mas nada que oferecesse grande esforço. Ele já supervisionava um quarto da cidade. Yul estava certo que iria alcançar o palácio e o trono, antes de qualquer um dos outros, e quando ele estivesse sentado em cima dele, ele uniria os cavaleiros na Horda Dourada da profecia.
Subitamente, da sua direita, ele avistou movimentação, um cavalo vinha em sua direcção, em posição de ataque! Ele torceu-se para obter uma melhor visão e pôs o seu escudo em posição, mas depois de horas de batalha, as suas reacções eram demasiado lentas e uma dor explodiu através do seu corpo, à medida que uma lança perfurava o seu flanco.
No momento seguinte Yul estava no chão virado de costas. O sangue derramava-se pela sua boca ao mesmo tempo que ele tentava chamar pelos seus homens. Sobre ele, ainda montada, ele viu uma mulher, com cicatrizes de batalha e ensanguentada. Ela saltou para o chão, agarrou na sua lança e puxou-a brutamente do flanco do Yul.
“Khanom!” disse uma voz e a mulher olhou para onde vinha o chamamento “ele está acabado. O palácio é por aqui.”
(*) tribo nómada (**) juízo de deus
“Aquele que nos irá liderar a todos há-de chegar”, entoava em uníssono o velho homem e a velha senhora.”O grande espírito guerreiro mostrar-nos-á o poder inimaginável, e vai fazer com que todos os outros tombem uns a seguir aos outros ou caiam em batalha. A força do nosso povo nas mãos deste Líder (Khan) conceberá um império, com o sangue daqueles que se oponham a nós. Quando o Líder dos Líderes se sentar em cima do trono, na cidade dos pilares de bronze, uma nova horda (*) dourada irá nascer e todas as tribos e todos os clãs do nosso povo irão cavalgar como um só”. No final do seu ritual e do seu ordálio (**), muitos dos mais velhos pareciam empalidecer, sobre ombros caídos, peitos tombados, e com os olhos dobrados pestaneando como se estivessem a acordar de um sonho.
Os outros “horse lords” que estavam na assistência permaneciam em silêncio e permitiam que as palavras se fixassem nas suas mentes. Os contadores de histórias repetiam o cântico para memorizá-lo, assim, este podia ser relatado mais tarde com exactidão. Em breve todos iriam compreender o significado da revelação do ritual.
Como todos os outros que permaneceram em pé e se afastaram, Yul fez o mesmo. Ele sabia que as palavras da profecia iriam se espalhar rapidamente, como sempre acontece com estas coisas. Yul não poderia acreditar no que ele ouviu das bocas das velhas feiticeiras; não tinha havido antes qualquer menção da horda dourada ou deste “Líder dos Líderes” Como é que esta profecia surgiu tão rapidamente? Será que um dos Líderes é tão poderoso que ele poderia trazer todos os outros sobre o seu controlo? Certamente que não foi o Baichu, o seu próprio líder, o velho bobo.
“Yul!” alguém gritou do seu lado esquerdo e ele virou-se para ver o Osol, à medida que bufava de irritação em cima de um pequeno monte. “Yul, vim assim que pude, ouvi as novidades sobre a profecia”. Osol aproximou-se e baixou o tom de voz, “Como é que isto afecta os teus planos para declarar a Chamada de Sangue sobre Baichu?”
“Penso que não tem qualquer impacto sobre isso” disse Yul calma e suavemente. “Baichu é um fraco, quando eu o substituir como líder, estarei presente quando esta cidade dos pilares de bronze for descoberta”.
“Líder!” aclamou Osol em voz baixa fora da tenda. “Líder, tenho novidades!” Yul tirou a sua coberta e sentiu o ar frio a passar pela sua pele. Ainda era escuro, mas ele podia ver através da fraca luz dada pelas brasas perto do centro da tenda. Ele começou a vestir-se e fez um baralho que ele sabia que Osol iria perceber que se tratava de um convite para entrar. “Líder,” disse Osol conforme caminhava para dentro, “tenho novidades! Tengiz, um dos nossos homens perdido à cinco anos atrás para Roma, no nosso primeiro assalto às suas terras, conseguiu escapar do seu cativeiro e regressou. Ele diz que viu a cidade… a cidade com os pilares em bronze.”
“Teria este homem motivos para estar a mentir?” perguntou o líder.
“Não, ele foi encontrado pelos nossos homens a vaguear sozinho caminhando passo a passo. Ele estava fraco por ter comido coisas estranhas e estava com sede, mas não vejo qualquer motivo para pensar que ele está a mentir” concluiu Osol, mas o líder nada disse, pelo que ele continuou, “Contudo, ele pode ter sido enviado até nós como uma armadilha. Roma não nos iria presentear com tão valiosa tentação, sem estar à nossa espera quando nós fossemos atacar.”
“Hum, sim” o líder virou-se e pontapeou alguma madeira para dentro da fogueira. “ Pouco provável, mas envia alguns homens para verificar a sua história. Que cidade é essa?”
“Tarsos, Líder, uma cidade Zanatine na fronteira sul de Uskyel. É um pouco distante daqui, mas acredito que é a mais perto dos clãs. Podemos ser capazes de avançar antes que os outros cheguem a saber da sua participação na profecia, se a crença do homem se verificar”
“Caso faça parte da profecia, o melhor seria agir rápido, mas precisamos de ter a certeza. Não faz sentido avançar em direcção a uma armadilha, ou atacar uma cidade sem um tostão, que só tem mulheres para nos oferecer. Os meus homens são leais, mas eles precisam de comida e ouro para se manterem dessa maneira. Não quero perder tempo, precipitando para essa cidade até saber se vale a pena”, finalizou o líder.
“Sim, irei enviar alguns homens para confirmar a história, eu sei que temos alguns homens que falam bem Romari”, acata obedientemente Osol, caminhando para fora da tenda (andando para trás), deixando o seu líder a planear.
Yul empoleira-se para cima do cavalo, Minghan Arslan, e inspecciona o amplo vale que a sua visão alcançava. Tarso estende-se como algo parecido com pedras e chagas de madeira com nervuras pretas e feias. Em volta das cordilheiras em redor da cidade ele viu milhares de cavaleiros. Por detrás dele, o seu clã reúne a cavalaria e estão prontos para a batalha.
“Líder” diz Osol colocando-se ao seu lado. “Todos os clãs estão prontos. Como o líder que encontrou a cidade, é de seu direito declarar o início para a caçada.”
“Sim, eu sei. Eles todos esperam por mim” Disse Yul com um sorriso, “A montaria, a caçada, irá começar brevemente. Os homens estão quase prontos. O desejo pelo derramamento de sangue está nos seus corações, mas estou a espera de ver tudo isso nos seus olhos. Quando eu vir isso, darei o sinal e iremos avançar, cercando a cidade e derrubando-a…assim como fazemos com todas as nossas presas. Isto irá acontecer em breve.”
“A qualquer momento a partir de agora...a qualquer momento…Agora!” Yul berrou e ergue a sua lança por cima da cabeça, apontando em direcção à cidade. Ao mesmo tempo, todas as hordas ao longo das cordilheiras avançam estrondosamente em direcção a Tarsos.
A cidade ardia e o céu estava cheio de fumo enquanto Yul liderava um pequeno grupo dos seus homens através das ruas. Eles encontraram alguma resistência das milícias da cidade, mas nada que oferecesse grande esforço. Ele já supervisionava um quarto da cidade. Yul estava certo que iria alcançar o palácio e o trono, antes de qualquer um dos outros, e quando ele estivesse sentado em cima dele, ele uniria os cavaleiros na Horda Dourada da profecia.
Subitamente, da sua direita, ele avistou movimentação, um cavalo vinha em sua direcção, em posição de ataque! Ele torceu-se para obter uma melhor visão e pôs o seu escudo em posição, mas depois de horas de batalha, as suas reacções eram demasiado lentas e uma dor explodiu através do seu corpo, à medida que uma lança perfurava o seu flanco.
No momento seguinte Yul estava no chão virado de costas. O sangue derramava-se pela sua boca ao mesmo tempo que ele tentava chamar pelos seus homens. Sobre ele, ainda montada, ele viu uma mulher, com cicatrizes de batalha e ensanguentada. Ela saltou para o chão, agarrou na sua lança e puxou-a brutamente do flanco do Yul.
“Khanom!” disse uma voz e a mulher olhou para onde vinha o chamamento “ele está acabado. O palácio é por aqui.”
(*) tribo nómada (**) juízo de deus
O Battue é um jogo de tabuleiro táctico, no qual quatro jogadores controlam uma horda (*) de poderosos guerreiros, cada um em busca de capturar as mais valiosas e prestigiadas secções da cidade. Os jogadores manobram as suas hordas, capturando secções da cidade e adquirindo saques, cada um tentando provar o seu direito a ser o Chefe dos Chefes dos “Horse Lords” e a reinar a Horda Dourada.
O jogador com mais pontos de vitória no final do jogo é o vencedor. Tu ganhas pontos de vitória, controlando secções da cidade (representadas por fichas) e ganhando saques. O jogo termina quando as fichas da cidade “Palace”, “Tempum Jupiter”, e “Universitas” estão todas controladas pelos jogadores (mas não necessariamente pelo mesmo jogador) ou se todos os jogadores, menos um, tenham sido eliminados (eles não têm nenhuma peça no tabuleiro). Os “Horse Lords” têm uma vida nómada, pelo que só as fichas que controlas e as cartas no teu cofre de guerra, contam no final do jogo.
É um jogo interessante e original, o qual me deu muito gozo a sua tradução, principalmente a sua história.
Sem comentários:
Enviar um comentário