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Como nasceu a ideia que levou à criação do “Valdora” e do “Bürger, Baumeister & Co.”?
Bom, com o Valdora a primeira ideia que surgiu foi o livro e a vontade de criar um jogo com desafios. Há muito tempo atrás, gostava muito de representar, pelo que sempre quis fazer algo parecido. No entanto, o desenvolvimento do jogo seguiu numa direcção diferente, pouco tendo ficado dessa vontade. As pessoas gostam muito da ideia do livro, talvez venha a existir a possibilidade de fazer um novo jogo com isso.
Bürger, Baumeister & Co. foi um trabalho encomendado por uma instituição da minha terra, Frankfurt. Pediram-me para criar um jogo para as comemorações dos seus 150 anos. Por isso, o jogo decorre na Frankfurt antiga. Tentei que fosse, o mais possível, correcto do ponto de vista histórico. Aprendi, por isso, muito à cerca do sítio onde vivo:-). Já durante o desenvolvimento do jogo, Abacusspiele juntou-se a mim e ajudou-me bastante.
Onde é que vai buscar as ideias para os seus jogos? Começa pela mecânica ou pelo tema?
Quando me iniciei a criar jogos, quase sempre começava pelo tema. Agora é exactamente ao contrário. No entanto, tento ter o tema final o mais cedo possível durante o processo de criação. De seguida, consegue-se mais orgânica e algumas boas influências resultantes do tema.
Em que tipo de mecânica prefere focar o processo de desenvolvimento dos seus jogos?
Faço de diferentes maneiras, mas, na maioria dos jogos, gosto de mecânicas que se cruzem – não apenas lado a lado. Gosto de coisas de fácil compreensão e trabalhar muito para tornar tudo simples, sem que, para tal, tenha que alterar a forma de jogar o jogo.
Quando é que se apercebeu que criar jogos era o seu sonho?
Bom, tenho muitos sonhos :-). Mas, criar jogos é o maior de todos. No início era mais experimentar – testar e errar. Comecei a sério quando tive o meu primeiro trabalho publicado. Depois de dois ou três anos, com apenas algumas pequenas ideias, tornei-me mais corajoso e senti-me mais seguro do que estava a fazer. Talvez este tenha sido o momento.
Que nível de sorte considera aceitável nos seus jogos?
Depende do tamanho e do esforço.
Um pequeno jogo de sorte é perfeitamente aceitável para mim.
Mas jogar um jogo durante duas horas e, no fim, a sorte decidir, é muito frustrante.Isto não é para mim.
Em quantos jogos trabalha ao mesmo tempo? Trabalha em vários projectos em simultâneo ou dedica-se apenas a um único?
Normalmente trabalho em vários projectos ao mesmo tempo, mas, muito raramente, em dois grandes.
Nos últimos dois anos, diminuiu o número de projectos paralelos. Muito do trabalho em torno do projecto da minha página da net e da sua manutenção, bloqueou algumas das ideias.
O que é que pode dizer sobre o projecto em que trabalha actualmente? Pode revelar alguns detalhes do jogo em si?
Ok, Zooloretto ainda está embrionário. Nas próximas semanas vão ser tomadas decisões sobre os próximos lançamentos. Há várias possibilidades: um especial para dois jogadores, um de crianças e uma outra expansão. Depois da decisão farei o acabamento. Trabalhei no Indústria e fiz algumas alterações, mas parece que este será relançado, mais uma vez. No momento, estou a testar muita coisa para o Valdora e o Goldene Stadt, tais como, variantes de 2 jogadores e cartas adicionais. Isto estará disponível brevemente para download no meu website . Estou, também, a trabalhar num pequeno jogo para crianças. E, finalmente, em Junho, irei continuara a trabalhar num jogo que comecei há dois anos atrás, mas que tive que interromper por causa de outros projectos. Mas, sobre este último, ainda é muito cedo para falar.
Com que frequência joga ou testa um jogo antes da publicação?
Muitíssimo.
A maioria dos testes são simulações feitas por mim sozinho. Esta é a melhor maneira para ver os detalhes e o equilíbrio. O testes propriamente ditos faço-os com diferentes grupos, onde, normalmente, não me incluo.
Qual o jogo que levou mais tempo a desenvolver e qual o que teve mais alterações?
Talvez o Valdora. Quando o Zooloretto ganhou o “Spiel des Jahres”, tivemos que atrasar o lançamento três ou quatro vezes. Após um ano, tinha algumas ideias novas que realmente reestruturavam tudo. Assim, o Valdora existe em duas versões muito diferentes. A segunda é, felizmente, muito melhor. Este tipo de coisa é típico em mim. Vario muito os meus objectivos em relação ao desenvolvimento ao longo do tempo, pelo que o mesmo conceito pode levar a jogos diferentes em diferentes momentos.
Como se define a si próprio como criador de jogos?
10% de inspiração e 90% de planeamento. Mas é, sobretudo, divertido!
A sua família e amigos participam na sua aventura de criação de um novo jogo?
Sim, a minha mulher também testa os meus jogos. Critica e apoia-me. É muito importante para mim.
O desenvolvimento de um jogo envolve várias fases – criação, edição, testes e publicação – qual é a que mais lhe agrada? Porquê?
Gosto da parte de ter a ideia. Fico muito entusiasmado quando penso que tenho uma ideia forte. Mas, quase sempre, umas horas mais tarde a ideia que emergiu já não parece tão boa. No entanto, é sempre divertido. A parte antes do protótipo final é a mais dura e é a que consome mais energia. Mas se sei que o jogo ficará pronto, esta parte também me faz muito feliz.
As negativas dos editores é que podem ser muito frustrantes, Por isso, quando tenho uma oferta de contrato fico sempre muito contente, é bom saber que o trabalho tem um final feliz.
As apresentações são uma parte que aprecio bastante.
Joga apenas de vez em quando ou os jogos são parte integrante do seu quotidiano?
É o meu dia-a-dia, mas não jogo todos os dias com outras pessoas.
Com que frequência joga os seus jogos depois de serem publicados? Prefere jogar os seus ou os jogos de outros criadores?
No primeiro ano, jogava muitas vezes com amigos em convenções e eventos. Depois já nem tanto, pois os jogos de teste eram mais importantes. Nas sessões de testes também jogamos jogos de outros. Se fossem só de teste seriam muito aborrecidas, tenho, assim, a oportunidade de jogar jogos de outros.
Qual o jogo que mais gosta de jogar? Porquê? Qual o seu jogo favorito?
Tenho diferentes jogos favoritos, dependendo da situação. Quando se tem principiantes na mesa, jogamos jogos como o Cartagena, o Würfelbingo (High Score) ou o Verflixxt!
Os favoritos para jogar com grupos experientes são jogos como o Saint Petersburg, o Kakerlakenpoker ou o Agricola. Em férias temos sempre uma série de jogos para dois jogadores, até mesmo um ou dois dos meus. A escolha é feita por simples divertimento ou para divertimento sem limites.
Qual o tipo de jogo que mais gosta?
Não há nenhum tipo específico de jogo que não goste. A minha mulher não gosta de jogos cooperativos. Jogos com duração inferior a duas horas. Tenho uma ligeira preferência por jogos com colocação de peças.
Que prefere: jogar ou criar jogos?
Isso está inseparavelmente ligado a mim.
Acha que as vendas são o factor determinante para que um jogo seja bom ou não?
Não só isso. Vejamos os jogos com temas licenciados, como f. e. a. específica para séries de tv. Será que vendem por causa dos fãs das séries televisivas? Ou será pela qualidade do jogo? Às vezes é só o nome ou a capa que fazem a diferença, pela positiva ou pela negativa. Mas, não penso que qualquer coisa que vende muito, não pode ser boa. É uma visão muito elitista, no meu ponto de vista.
Segue, com especial atenção, algum criador de jogos?
Um pouco. Para um criador é um ponto de interesse. Gosto do estilo de alguns criadores, mas não necessariamente de todos os seus jogos. O que quero dizer é que os criadores têm diferentes pontos de vista sobre o trabalho dos outros.
Será que os jogos de tabuleiro podem ser usados para fins educativos?
Com certeza. Porque não?
Como evoluíram os seus jogos nos últimos anos? Que aprendeu sobre o que se deve ou não fazer no processo de criação dum jogo?
Espero que a qualidade dos meus jogos esteja a aumentar. Para além de criar novas ideias, tento sempre melhorar o meu trabalho. Gasto muito tempo em desenvolvimento, mesmo se o jogo está completo. Nos dois últimos anos até investi mais para melhorar os últimos 1 ou 2%.
Pode-se ter muitas falhas, mas, felizmente, com alguma experiência pode-se evitar a maioria delas.
Tem outro emprego, ou é um criador de jogos a tempo inteiro?
Antes era director de arte em publicidade. Agora sou apenas criador de jogos. Às vezes faço a parte gráfica dos jogos.
Que pensa da actual crise económica? Irá afectar a venda de jogos?
Penso que afectará, também, os jogos, não tão fortemente no início, pois as crianças são muitos importantes para os pais. Por isso, a poupança virá mais tarde. Mas, os jogos de tabuleiro já estão com algumas dificuldades desde há alguns anos.
Que conhece de Portugal? Já esteve em Portugal?
Nunca estive lá. Sei um pouco da história. Conheço o som da língua – gosto da Bossa Nova dos anos 60.
Muito obrigado pela entrevista.
Obrigado pelo interesse.
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1 comentário:
Mais uma excelente entrevista.
Parabéns
Henrique
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